A Formação Sindical. A Formação em Economia Solidária. A Formação em Desenvolvimento Territorial

A Formação Sindical cutista historicamente tem tido um papel importante e estratégico na construção coletiva da concepção sindical, de uma cultura de classe e da identidade da classe trabalhadora. Trabalha com o resgate da trajetória dos trabalhadores (as) e do seu papel enquanto agente de transformação da sociedade. Cria as condições para esse trabalhador (a) questionar e teorizar a partir da apropriação do seu conhecimento acumulado e de sua própria prática. É um instrumento capaz de, cotidianamente, aumentar o potencial e a qualidade de intervenção do sindicato na sociedade. Enfim, a formação sindical visa desenvolver a emancipação política, social e humana dos trabalhadores e trabalhadoras, tanto para as relações de trabalho e no trabalho, quanto nas relações pessoais e sociais em geral.

Como concepção de educação dos trabalhadores (as) a CUT defende a concepção de Educação Integral, que abrange todas as dimensões da educação (cultural, técnica, social, política, pessoal) em um processo permanente de construção coletivo e dialógico do conhecimento, vivenciado através de um fazer pedagógico e metodológico, sem dúvida, emancipador, onde os conteúdos, os diálogos, os debates e as reflexões se constituem em processos de (re) construção de novos conhecimentos, promovendo um empoderamento visível dos/as envolvidos, percebido nas falas, na atuação e na ação no dia-a-dia pessoal e sindical.

A Escola Centro-Oeste ao longo de seus 27 anos vem trabalhando com a formação e educação dos trabalhadores/as ligados ao movimento sindical, ao movimento de economia solidaria e ao desenvolvimento territorial, realizando diversas atividades formativas na região: cursos, seminários, encontros, palestras, projetos, programas, assessorias, dentre outras atividades e atuando em diversos níveis de formação: educacional, política, social e sindical dos trabalhadores e trabalhadoras, buscando aprofundar coletivamente uma concepção de formação e educação, que privilegie os saberes, os valores, os conhecimentos, as vivências e as experiências acumulados pelos trabalhadores/as ao longo de suas vidas.

Este acúmulo tem promovido a reflexão dos trabalhadores/as sobre vários temas que precisamos apoiar e defender enquanto CUT.

O primeiro deles, sobre o Movimento Sindical Cutista, que na região possui forte presença, filiação e ação no serviço público estadual, especialmente, o da educação; no serviço público federal, especialmente, na seguridade social; e, agora mais recentemente, no serviço público municipal. ; rurais e agricultura familiar; financeiro e, setores que precisamos ampliar as filiações para outros setores fortes na economia da região e que não estão na CUT, como construção civil, alimentação, metalúrgicos…

Ação da ECO/CUT com o Projeto Centro de Formação em Economia Solidária – CFES, em parceria com o Ministério do Trabalho e Secretaria Nacional de Economia Solidária, vem acontecendo desde 2009, com o objetivo de:

• Contribuir para o fortalecimento dos empreendimentos econômicos solidários por meio da ampliação do número de formadores (as) em economia solidária.
• Desenvolver, Sistematizar e disseminar as metodologias e os conteúdos da formação em economia solidária.
• Produzir e disseminar materiais pedagógicos e informativos sobre economia solidária.
• Contribuir para a articulação de formadores (as) e educadores (as) que atuam com economia solidária.
• Fornecer subsídios à construção da política nacional e formação e assistência técnica para a economia solidária.

Com isso, a ECO/CUT, por meio das ações de formação em Economia Solidária, vem contribuindo como uma alternativa diferente de as pessoas se organizarem em torno do seu trabalho e da renda e dos benefícios que este pode produzir…

A Economia Solidária não nossa região, vem contribuindo para o fortalecimento de um novo jeito de viver, através do trabalho coletivo – ou seja, associado, cooperado, passam a desenvolver formas de geração de trabalho e renda, onde o jeito de produzir, vender, comprar e/ou trocar, consumir o que é preciso para viver, acontece de forma consciente/responsável, onde se procura alternativas para que todos e todas tenham suas necessidades satisfeitas. A comercialização é realizada de maneira justa e solidária, e o uso dos recursos naturais é feito de forma responsável e consciente. Estamos fazendo no dia-a-dia a Economia Solidária como uma forma de produção e consumo, voltados prioritariamente à valorização do ser humano e da natureza.

A Ação de Formação em Desenvolvimento Territorial, desenvolvida em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Secretaria de Desenvolvimento Territorial, desenvolvendo atividades de formação, com cursos, seminários, oficinas e assessorias voltadas para as políticas territoriais e, elaboração, revisão e qualificação dos PTDRS – Planos Territoriais de Desenvolvimento Rural Sustentável.

A concepção das ações que desenvolvemos é a de que todas as dimensões do desenvolvimento local convergem para o Território, para a preservação e valorização das relações humanas, econômicas, sociais, políticas, naturais, patrimoniais e de bem-estar. O Território está, portanto, no centro de uma abordagem global da agricultura e do campo e é o agregador de diversas dimensões. Entendendo este, como ocupação de lugar e do espaço, uma necessidade da sociedade para estabelecer suas relações.

A adoção do desenvolvimento territorial considera a identidade um elemento fundamental do território, relacionando-o com suas origens, modos de produção e ocupação dos espaços, com o contexto social e com um futuro mais solidário e independente para os trabalhadores/as do setor rural.

Compreender a formação da identidade territorial é fundamental para se pensar, propor ações, projetos e planos para as populações que vivem no campo. Para que o rural se apodere de sua capacidade de transformar a realidade, assumir responsabilidades com o próprio destino e participar como sujeito do desenvolvimento nacional.

Trata-se fundamentalmente de uma visão inovadora, mesmo que com dimensões diversas. Definidas por uma prática solidária, responsável e humana e por concepções comprometidas com o meio ambiente, com o futuro do planeta e com a vida das pessoas.

Território é uma categoria política social. Identidade é movimentação, historicamente determinada e determinante, de inserção comunitária, sempre construindo e definindo características próprias gerando apropriação por parte das pessoas em seus espaços.

A opção é afirmar e reconstruir paradigmas, um deles, o de que o desenvolvimento não é simplesmente um movimento de acúmulo do capital. Desenvolvimento é movimentação coletiva, que envolve mudanças sociais, culturais, econômicas, políticas e, fundamentalmente, humanas. Envolve identidade. Envolve território.

A formação sindical, a formação em economia solidária e a formação em desenvolvimento territorial tem nos levado a refletir sobre algumas políticas públicas fundamentais que tem impacto direto na vida desses (as) trabalhadores (as) como garantidoras de direitos e de cidadania.

A ECO/CUT e a CUT vem atuando como catalisadoras desses anseios e o conjunto desses movimentos reconhecem na ECO/CUT e na CUT parceiras importantes que muito tem a contribuir na organização dos (as) trabalhadores (as) do campo e da cidade e no avanço das políticas públicas. Dentre elas, citamos algumas das principais demandas apresentadas:

Educação de Jovens e Adultos

Reafirmamos a importância e a necessidade da Educação de Jovens e Adultos voltada para atender ao conjunto dos trabalhadores (as) com os quais trabalhamos na região centro-oeste. Uma EJA com tempos, conteúdos, metodologias e organização adequada a estes (as) trabalhadores (as) diferenciada da educação para crianças oferecida nas escolas comuns.

O analfabetismo e a baixa escolaridade são a expressão da pobreza, consequência inevitável de uma estrutura social injusta e excludente. É impossível tentar superá-lo sem combater suas causas!

Para enfrentar defendemos uma educação de jovens e adultos a partir do conhecimento das condições de vida do não alfabetizado, como o emprego ou trabalho, o salário ou renda, a moradia, suas histórias, suas lutas, organização, conhecimento, habilidades, enfim, só assim podemos falar realmente de saber ensinado onde o objeto ensinado é apreendido na sua razão de ser e, portanto, aprendido pelos educandos e com a presença de educadores criadores, instigadores, inquietos, rigorosamente curiosos, humildes e persistentes que lutem lado a lado pela causa dos (as) jovens e adultos trabalhadores (as) sem escolarização.
Educação do Campo,

A Educação do Campo

Reafirmamos o conceito e a concepção de educação do campo e não de educação no campo.

A concepção de Educação do Campo, em substituição à Educação Rural, entende campo e cidade enquanto duas partes de uma única sociedade, que dependem uma da outra e não podem ser tratadas de forma desigual.

A educação para atender as populações do campo, historicamente, tem se fundamentado na categorização urbano/rural, na qual o espaço “rural” é definido pela sua localização geográfica, a baixa densidade populacional, espaço tipicamente de atividades agrícolas, priorizando o latifúndio com tendência ao desaparecimento, não sendo pertinente, portanto, o investimento em políticas estruturantes nesse espaço.

Desse projeto social, resulta um modelo educacional pautado na oferta de educação mínima, restrita às primeiras séries do Ensino Fundamental; escolas em condições precárias; educadores com pouca formação e baixos salários, incorporação de conceitos e conteúdos urbanos que desconsideram a realidade e a vida no campo, que alimentam a competitividade, o individualismo e desprezam as diferenças.

Por sua vez, a Educação do Campo é compreendida ao mesmo tempo como conceito em movimento, que se estrutura e ganha conteúdo no contexto histórico, que se forma e se firma no conjunto das lutas de movimentos sociais do campo; que se manifesta e transforma nas relações sociais, reivindicando e abrindo espaço para a efetivação do direito à educação.

A educação do campo leva em consideração que os sujeitos possuem história, participam de lutas sociais, sonham, têm nomes e rostos, lembranças, gêneros, raças e etnias diferenciadas. Cada sujeito individual e coletivamente se forma na relação de pertença à terra. Sendo assim, a educação precisa se desenvolver a partir da construção e reconstrução do seu currículo, do espaço físico, do território, dos sujeitos, do meio ambiente e da realidade local.

Desta forma, reafirmamos a:

  • Defesa de uma educação que ajude a fortalecer um projeto popular de agricultura, que valorize e transforme a agricultura familiar/camponesa e se integre na construção social de um outro projeto de desenvolvimento sustentável de campo e de país.
  • Defesa de uma educação para superar a oposição entre campo e cidade e a visão predominante de que o moderno e mais avançado é sempre o urbano, e que o progresso de um país se mede pela diminuição da sua população rural.
  • Defesa do campo como um lugar de vida, cultura, produção, moradia, educação, lazer, cuidado com o conjunto da natureza, e de novas relações solidárias que respeitem as especificidades sociais, étnicas, culturais e ambientais dos seus sujeitos.
  • Defesa de políticas públicas de educação articuladas ao conjunto de políticas que visem à garantia do conjunto dos direitos sociais e humanos do povo brasileiro que vive no e do campo. Políticas que efetivem o direito à educação para todos e todas e que este direito seja dever do Estado.
  • Construção de uma política especifica para a formação dos profissionais da Educação do Campo.

Apoio as causas indígenas e quilombolas

Nas atividades formativas, especialmente em economia solidária, contamos com a participação de muitos indígenas e quilombolas, que trazem para a nossa ação/reflexão/prática as suas vivencias, experiências, lutas, necessidades e sofrimentos. E se percebe que os inimigos dos povos indígenas são os mesmos dos quilombolas: o latifúndio, o agronegócio, o preconceito, a discriminação, a violência, a exploração, dentre outros.

Na região, já há alguns anos, e cada vez mais, vem intensificando aspectos que caracterizaram pela expansão do latifúndio e do agronegócio na produção da tríade: boi, soja e cana-de-açúcar. E, na cadeia de produção, a exploração do ser humano – especialmente os indígenas e quilombolas, e da natureza entram também como parte de suas propriedades e seus bens.

Diante disso, reafirmamos a necessidade urgente de ações políticas, sociais e econômicas que:

• Fortaleçam os territórios indígenas e quilombolas e reconheçam a importante contribuição dos seus saberes e valores na sustentabilidade dos territórios e da biodiversidade;
• Considerem a participação desses grupos em todas as etapas dos projetos e políticas públicas voltados para seus territórios. Desde a sua concepção até a gestão dos mesmos.
• Fortaleçam os territórios tradicionais e a luta pela demarcação das terras originárias em contraposição a invasão, a desapropriação, a expulsão e a violência de que são vítimas;
• Sejam sustentáveis, éticas e solidárias;
• Reconheçam e respeitem os costumes, saberes, valores, línguas, crenças e modos de vida de qualquer população tradicional;
• Respeitem a biodiversidade, terra, água e ar, a cultura e a espiritualidade;
• Valorize e priorize a sustentabilidade, a educação e a saúde de qualidade adequados as suas necessidades, e, garanta os direitos, autonomia e autodeterminação de seus territórios;

Assim também é a formação que estamos fazendo na região, a partir de uma base real, concreta, no qual, os sujeitos que a compõe são unidos pela mesma luta, pelos mesmos objetivos e ideais, buscando na ação coletiva, alcançar as metas propostas para melhorar a qualidade de vida das pessoas que escolheram viver na nossa região.

Acreditamos que a Formação Sindical, a Formação em Economia Solidária e a Formação em Desenvolvimento Territorial e as convergências com a educação de jovens e adultos, a educação do campo, a luta dos povos e das causas indígena e quilombolas tem contribuído para fortalecer e estimular a cooperação, a solidariedade, a transparência nas ações e atitudes, a sustentabilidade, a igualdade entre homens e mulheres, a coletivização dos meios de produção, o comprometimento com o projeto coletivo, os movimentos e organizações sociais. Essa postura e comportamento indicam, reforçam e fortalecem a relação política da CUT com outros movimentos.

Equipe ECO/CUT

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By ecocut

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