Sem segurança, sem diálogo não podia dar certo
O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, Heleno Araújo, critica o retorno às aulas presenciais sem garantia de segurança para os trabalhadores, sem que a pandemia esteja controlada no país e sem que os professores fossem ouvidos. “Eles é que sabem se as escolas têm ou não segurança sanitária”. “As autoridades municipais e estaduais tinham de primeiro, garantir a segurança sanitária, esperar a pandemia estar controlada para depois pensar em volta as aulas presenciais”, afirma Heleno. “Faltou também diálogo dos governos com os educadores. Não teve uma consulta à categoria para saber quais são as condições que eles enfrentam nas escolas, o que precisam. E nós sabemos. Tem que ter testagem em massa e rastreamento de casos de infecção”, diz Heleno, afirmando ainda que a participação dos profissionais na elaboração de protocolos de segurança é fundamental. A falta de diálogo, uma tradição dos governos tucanos, também está criando medo e insegurança entre os profissionais de educação em São Paulo, onde o governador João Doria (PDSB) determinou a volta as aulas sem ouvir a categoria. Dados do Sindicato dos Profissionais do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), divulgados na segunda-feira (13), mostram que foram registrados 2.871 casos e 107 mortes em 1.231 escolas estaduais. A Apeoesp orientou todas subsedes para que fiscalizem as escolas e que exijam o encerramento de aulas e atividades presenciais onde não forem verificadas todas as condições de segurança necessárias ou que apresentarem casos de Covid-19. Em Minas Gerais, levantamentos realizados pelo Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (Sind-UTE/MG), com base em números oficiais, mostram que ainda no primeiro semestre, com parte das atividades voltando, os casos estavam aparecendo. Na capital Belo Horizonte, onde foram relatados, em agosto, 130 casos de alunos ou profissionais, uma escola pública e duas escolas particulares suspenderam aulas por causa de surtos de Covid-19 desde que as atividades foram retomadas em abril deste ano. Ainda de acordo com informações do sindicato, mais de 30 instituições também tiveram de retornar o ensino de algumas turmas ao remoto e, em cidades do interior do estado, aulas foram suspensas por duas semanas, no início de agosto, após a constatação de aumento no número de casos de Covid-19 no ambiente escolar. A coordenadora-geral do sindicato, Denise Romano, afirma que o governo de Minas Gerais promoveu a reabertura das escolas sem se preocupar com a universalização da vacinação dos trabalhadores na educação. “Convocou a reabertura e ainda continua promovendo, inclusive sem planejamento de imunicação dos menores de 18 anos, ela diz. O governo federal, por meio do Ministério da Saúde, suspendeu nesta quinta-feira (17) a vacinação dos adolescentes sem uma justificativa plausível para encobrir a falta de doses disponíveis. Denise ainda reforça que enquanto isso, a categoria continua em processo de espera para vacinação com a segunda dose.Condições inadequadas e falha na prevenção
Os casos de mortes envolvendo o retorno às aulas reforçam o alerta da categoria sobre as condições dos estabelecimentos de ensino ainda não estarem totalmente preparados para seguir protocolos de segurança. A morte do professor do Distrito Federal esta semana, além do problema da falta de ventilação, expôs a dificuldade de acesso a testes, segundo relato dos professores. E isso é fator de risco, pois quando um contaminado ‘circula’ sem saber da sua condição, seja assintomático ou não, o risco de disseminação do vírus aumenta significativamente. Desde o início da pandemia, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda enfaticamente a testagem em massa como medida essencial de contenção do contágio.[learn_press_profile]